Publicado por: Duarte | 7 Junho, 2004

Os Imigrantes na Nossa Sociedade

Pretendo neste texto, abordar a problemática da imigração no nosso país e, por extensão, para o espaço Europeu, bem como quais as vantagens ou inconvenientes, para a nossa cultura, para o nosso bem-estar e para a nossa economia, face aos imigrantes que todos os dias se instalam no nosso país.

Valerá então a pena começar por analisar qual o reflexo e consequências da imigração nos países em que a mesma ocorre de forma regular há longas décadas, como é o caso dos E.U.A., do Canadá, da Austrália e, até determinada altura,  da África do Sul.

Tirando este último país, todos os outros continuam a aceitar, anualmente, quantidades elevadas de imigrantes, embora de forma mais selectiva.

Se me perguntarem porquê, direi simplesmente porque fizeram contas, e concluíram que a sua prosperidade e o elevado crescimento económico, social, técnico e científico resulta, em grande parte, de uma continuada e consistente política de imigração.

O mito de que o crescimento económico dos referidos países é resultante, no fundamental, de uma melhor organização da sociedade, é posto em causa quando a UNESCO, na década de 60/70, quantificou o elevado valor patrimonial que todo o mundo transfere, anualmente, para esses países.

Nessa ocasião a estimativa que esse organismo da ONU fazia com os encargos que um país tinha com a alimentação, educação, tempo perdido no trabalho pelos pais, vestuário, habitação, saúde, vacinação e outros encargos, de um cidadão desde a nascença até à idade de 18 anos, quando inicia a sua função de produção económica, era de 12.000 contos para um trabalhador indiferenciado, 15.000 contos para um quadro médio e 20.000 contos para um quadro superior.

Na posse destes números, fácil é de entender que Portugal  ao ter colocado um milhão de portugueses em França, nas décadas de 60/70, entregou aos franceses, nessa ocasião, 1.000.000r12.000 contos = 12.000.000.000 contos (doze mil milhões de contos), ou seja, os franceses receberam a custo zero, máquinas/humanas/ reprodutivas, no valor de doze mil milhões de contos, com os quais não gastaram um tostão na sua aquisição, (nem sequer pagaram o transporte) e que uma vez em França, passaram a produzir, limitando-se , os franceses, a pagar a conservação e manutenção dessas “máquinas humanas“.

Dirão alguns que cá no nosso país não tinham trabalho, assim sempre ganhavam algum, o que não deixa de ser verdade.

O que destacamos é que pobres e prejudicados são os países que “exportam”  cidadãos, pois quem beneficia com a imigração são os países receptores.

Por este exemplo, fácil é de concluir que os EUA, Canadá e Austrália, têm estado a receber inteiramente de borla biliões e biliões de Euros de “máquinas humanas“, com as quais não tiveram encargos e que estão na base da sua prosperidade económica.

Presentemente, estes países (a UE também para lá caminha), tendem a conceder permissão de imigração a pessoas altamente qualificadas, restringindo a entrada aos não qualificados, como o descreve uma notícia no Público de 24/04/2000 ao referir que “os EUA concedem vistos de trabalho a 100.000 indianos por ano, 90% dos quais Técnicos de informática”, ou o Expresso de 24/06/2000, quando diz que “o Governo Alemão aprovou a autorização de estada e contrato por cinco anos a 20.000 especialistas estrangeiros, em Tecnologias de informação sobretudo da Índia e do Leste da Europa”.

Inversamente, queixam-se os países que perderam quadros qualificados e as tais “máquinas humanas” que tiveram custos económicos e sociais para a sua “produção“, não havendo retorno de investimento nesses países, mas noutros mais ricos, tornando-os mais pobres.

Esta leitura “economicista”  também pode ajudar a perceber quem lucra e quem perde com a imigração, e a felicidade que temos, no presente, de quase não necessitar de emigrar para termos trabalho e o respeito que devemos ter por aqueles que têm que vir para Portugal ganhar para o seu sustento porque, neste caso, os beneficiados somos sempre nós.

Segundo os últimos dados oficiais, sobre a actividade dos imigrantes no nosso país, estes representam 15 % da população activa, mas somente 5 % da população residente, o que permite destacar o forte contributo que dão para o desenvolvimento económico e social dos portugueses.

É deste modo justo que se reconheça aos imigrantes os direitos que lhe são devidos, como trabalhadores e parceiros no nosso bem estar económico e social.

Se o problema para alguns é de que a maioria dos imigrantes são “pretos” vale a pena recordar-lhes que no reinado de D. Maria II e após a abolição da escravatura, em 1856, no nosso país, havia em Lisboa mais habitantes de raça negra ou mestiços do que de raça branca, que a miscigenação acabou por tornar todos morenos, o que na opinião dos antropólogos desempenhou um papel  positivo na variabilidade genética e na diversidade cultural.


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